quarta-feira, 14 de março de 2012

DEMOCRACIA CORINTHIANA


Democracia Corinthiana
Em 1982 o Corinthians não era só um dos times com a maior torcida do Brasil - era o time capaz de mostrar, em plena ditadura militar, que liberdade e democracia eram valores possíveis. Um dos maiores movimentos políticos do futebol mundial, a Democracia Corinthiana foi uma época histórica para o clube e para o país.
Era encabeçada nos gramados por jogadores como Sócrates, Wladimir, Casagrande, Zé Maria, Biro-Biro, Zenon e no cenário da mídia nacional por pessoas públicas como Rita Lee, Juca Kfouri, Boni - “recrutados” pelos esforços do famoso publicitário Washington Olivetto, que na época assumiu o marketing do Corinthians (dispensando salário para função).
A Democracia surgiu com a ascensão de Waldemar Pires na presidência do clube, após a saída de Vicente Matheus e a péssima temporada em 1981, na qual o Corinthians amargou um péssimo 26º lugar no Campeonato Brasileiro, e o 8º lugar no Paulista daquele ano. A presidência descentralizada de Pires e a presença do sociólogo Adilson Monteiro Alves como gerente de futebol, somadas à articulação política de alguns jogadores daquele elenco permitiram o nascimento de um modelo inédito (e nunca mais repetido) de autogestão no esporte.
Não havia no Corinthians daquela época nenhum integrante do clube, de roupeiro a presidente com poder de voto maior que o outro: todas as decisões do time eram tomadas de maneira democrática. Isso significava que desde a escalação do time até a contratação ou demissão de jogadores e funcionários passava pela escolha popular de quem era parte do Corinthians entre 1982 a 1984.
Os frutos dessa gestão visionária, corajosa e inovadora foram, para o Corinthians, dois títulos do Campeonato Paulista (1982 e 1983) e um respiro financeiro que vieram com a quitação de todas as dívidas e um saldo de U$3milhões de dólares deixados para a próxima temporada. Para o Brasil, a Democracia Corinthiana foi além: ao entrar em campo com seus dizeres em prol da democracia política, o Corinthians reacendeu a massa na luta para a liberdade e o fim do regime ditador.
Em 1984 começa o fim da Democracia, com a saída de Sócrates e Casagrande e o novo movimento do futebol comercial: inicia-se o Clube dos 13 e a figura dos cartolas volta com força total. O fim definitivo chega em 1985 com a não eleição de Adilson Monteiro como o substituto de Waldemar Pires.
No entanto, a importância da Democracia Corinthiana é inegável. Poucas vezes na história mundial, e nunca antes do Brasil, um movimento do esporte teve caráter tão marcante para o cenário político de um país. A coragem de desafiar a ditadura e sublevar o povo numa luta para reconquista de direitos é um marco que não pode ser esquecido, e uma das provas irrefutáveis do que é o Corinthians, em sua verdadeira história e essência, o grande time do povo.

ORIGENS

Em 1910, o clube inglês Corinthian Football Club acabava de realizar uma excursão no eixo Rio – São Paulo. As partidas apresentadas pelo time inglês encantaram o público brasileiro, especialmente um grupo de cinco operários do bairro do Bom Retiro, em São Paulo.
Naquela ocasião, o futebol reunia apenas a alta sociedade em clubes como o Paulistano e o Mackenzie.
Esses cinco jovens, no dia 1º de setembro de 1910, resolveram idealizar seus projetos e fundar um clube de futebol popular, batizaram-no por Sport Club Corinthians Paulista, em homenagem ao time inglês.
A primeira bola do clube foi comprada com o dinheiro doado por vizinhos de seus fundadores e o primeiro jogo disputado foi 1 X 0 para o adversário (União da Lapa), em partida realizada em 10 de setembro de 1910.
Dominada pela elite, a Liga Paulista de Futebol sequer conhecia o clube de operários do Bom Retiro e, até 1912, os Corinthianos lutaram para participar da Liga. Para isto, tiveram que disputar um triangular com outros times pretendentes à vaga.
Em 1913, o Corinthians conquistou o direito de participar de seu primeiro campeonato paulista e, já em 1914, conquistou seu primeiro título. O próximo desafio era a construção de um campo de futebol e, apesar das dificuldades financeiras que o clube enfrentava, o campo foi construído em tempo recorde, em sistema de mutirão, no qual, inclusive, muitos torcedores participaram. A construção do campo foi concluída em 1916, próximo ao local onde hoje funciona o Clube de regatas Tietê.
Neste mesmo ano, o Corinthians conquistou o seu segundo título paulista de forma invicta. Daí em diante, começou a escrever sua história como um clube popular de torcedores fiéis e apaixonados.
Não se pode falar em futebol sem contar a história do Corinthians e de sua fiel, apaixonada, vibrante e gigantesca torcida. São mais de 30 milhões de corinthianos espalhados pelo mundo.
Os presidentes
1910 - Miguel Battaglia
1910/1914 - Alexandre Magnani
1915 - Ricardo de Oliveira
1915/1916 - João Baptista Maurício
1917 - João Martins de Oliveira
1918 - João de Carvalho (interino)
1918 - Albino Teixeira Pinheiro
1920/1925 - Guido Giacominelli
1925 - Aristides de Macedo Filho
1926 - Ernesto Cassano
1927 - Guido Giacominelli
1928 - Ernesto Cassano
1929 - José Tipaldi
1929/1930 - Felipe Colonna
1930/1933 - Alfredo Schurig
1933 - João Baptista Maurício
1933/1934 - José Martins Costa Jr.
1935/1941 - Manuel Correcher
1941 - Mário Henrique Almeida (interventor)
1941 - Pedro de Souza
1941/1943 - Manuel Domingos Correia
1944/1946 - Alfredo Ignácio Trindade
1947/1948 - Lourenço Fló Júnior
1948/1959 - Alfredo Ignácio Trindade
1959/1961 - Vicente Matheus
1961/1971 - Wadih Helu
1971/1972 - Miguel Martinez
1972/1981 - Vicente Matheus
1981/1985 - Waldemar Pires
1985/1987 - Roberto Pasqua
1987/1991 - Vicente Matheus
1991/1993 - Marlene Matheus
1993/2007 - Alberto Dualib
2007 - Clodomil Antonio Orsi (interino)
2007/2011 - Andrés Sanchez
2012 - Mário Gobbi Filho

ÍDOLOS